sábado, 1 de novembro de 2014

31/10/2014 03h00 - Atualizado em 31/10/2014 14h25

Urubu não está dando conta de tanto animal morto pela seca, diz criador

Município de Glaucilândia, norte de MG, enfrenta estiagem pelo quarto ano.
Estamos gastando a última reserva para alimentar os animais, diz produtor.

Valdivan VelosoDo G1 Grande Minas
A seca no norte de Minas Gerais mata animais e atrai urubus da região (Foto: Valdiran Veloso/G1)A seca no norte de Minas Gerais mata animais e atrai urubus da região (Foto: Valdivan Veloso/G1)A cena desoladora no município de Glaucilândia representa mais ou menos o que é qualquer crise: muitos sofrem e alguns conseguem tirar vantagem da situação. Na cidade no norte de Minas Gerais, a seca está deixando um rastro de animais em decomposição e favorecendo a cadeia alimentar de outros. "Eles morrem de fome e sede e os urubus não estão dando conta de comer tanto animal nessa região", lamenta o produtor Manoel Vieira, de 75 anos, todos vividos na roça.
De janeiro a setembro deste ano choveu apenas 104 milímetros - a última gota caiu em abril. Para efeito de comparação, foram registrados 1.197 milímetros de chuva ao longo do ano passado - e essa quantidade não foi suficiente para repor o nível dos rios no município. Rios importantes como o Rio das Pedras e Verde Grande, afluente do São Francisco, estão secando por causa da estiagem prolongada. Segundo ambientalistas do Instituto Vidas Áridas, a região vive o quarto ano de uma estiagem prolongada que é considerada a pior dos últimos 50 anos.
O local que Manoel Vieira tinha destinado ao pasto agora não passa de terra batida, que não brota nem uma muda de capim. O sonho de se tornar grande criador de gado virou luta para não deixar morrer os oito animais restantes na propriedade.
"Nunca vi algo igual. O tempo já foi muito bom, mas agora é esperar ajuda de Deus. Não há mais pasto, é tudo terra. Já tentei vender, mas ninguém aqui quer comprar, porque é quase certo que vão morrer de sede”, afirma.
frase maria aparecida (Foto: Valdiran Veloso/G1)

Ficha - especial seca - Glaucilândia (MG) (Foto: G1)
Neste município com cerca de 3.000 habitantes, a principal fonte de renda provém da agricultura familiar, mas a seca tem trazido sérias consequências para as lavouras. De acordo com dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), somente na safra 2013/2014, a seca gerou um prejuízo de mais de R$ 3 milhões para o município. A perda na lavoura de milho foi de 80% e a de feijão foi de 100%.
Lavar vasilha na torneira é coisa de luxo na casa de Maria Aparecida Siqueira. Com o marido desempregado e um filho portador de deficiência mental, os problemas se agravam com a falta d'água. “Quando chega água do poço, é uma água calcária. Então, tenho que buscar nos vizinhos, muitas vezes, no balde mesmo, só para beber”, explica.
A produtora Vanderlúcia Gomes preparou parte de terreno para cultivar alimentos de subsistência, mas poucas brotaram. "Já faz algum tempo que não comemos quase nada daqui, temos que comprar", afirma.
Animais mortos vítimas da seca em Glaucilândia (Foto: Valdiran Veloso/G1)Animais mortos vítimas da seca em Glaucilândia (Foto: Valdivan Veloso/G1)

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