quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Saúde

Fotos: Divulgação

Iniciativa acompanha o movimento Setembro Amarelo, com o objetivo de conscientizar sobre a prevenção do suicídio e alertar a população para esse ato que registra crescimento entre os jovens
Por Marina Gadelha

Mudanças no comportamento de colegas de turma ou do trabalho podem não ser apenas “mimimi”, e sim indícios de que algo não vai bem com a saúde mental. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 23 milhões de brasileiros apresentam algum transtorno mental, o que leva o país à primeira posição no mundo em número de casos. O reflexo dessa realidade não passa longe da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que oferece apoio biopsicossocial à comunidade universitária composta por cerca de 40 mil pessoas entre estudantes, professores e técnico-administrativos. No mês de setembro, ações realizadas na Instituição voltam as atenções para a valorização da vida e a prevenção do suicídio, por meio da campanha desenvolvida pela Coordenadoria de Atenção à Saúde do Estudante (Case) da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proae).

A iniciativa acompanha o movimento Setembro Amarelo, iniciado no Brasil em 2014, com o objetivo de conscientizar sobre a prevenção do suicídio e alertar a população para esse ato que registra crescimento entre os jovens – dados do Mapa da Violência 2017, obtidos pela BBC Brasil, revelam que em 12 anos a taxa de suicídios na população de 15 a 29 anos aumentou quase 10%. Para abordar esse assunto na UFRN, a campanha conta com palestras e a distribuição do folder intitulado “13 razões de alerta”, no qual são expostos os fatores de risco do suicídio, a importância de falar sobre o assunto e o que fazer ao perceber os sinais de alerta em outra pessoa.

Comunidade Universitária ajuda a propagar a mensagem ao utilizar roupas amarelas e postar fotos com as hashtags #NãoÉmimimiÉpapoSério e #SetembroAmarelo
De acordo com a coordenadora de Atenção à Saúde do Estudante, Cíntia Bezerra Catão, a motivação partiu da crescente procura por assistência psicológica, em virtude do alto grau de sofrimento psíquico na Universidade. “Trata-se de uma campanha de solidariedade humana, que levanta a reflexão sobre o cuidado e o acolhimento de quem faz parte do convívio acadêmico. Isso porque o suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial, cuja ideação pode ser percebida em sinais comportamentais ou verbais. Por meio da cor amarela, lembramos que a vida vale ouro”, explica.

Não é “mimimi”


Inspirada na campanha #nãoébesteiraécoisaséria da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), em 2016, a equipe da Case construiu uma versão para a UFRN com elementos propostos pelos universitários bolsistas, cujas sugestões resultaram em um material voltado para o público jovem. O título do folder remete ao popular seriado da Netflix 13 Reasons Why (em português, Os 13 porquês), enquanto a hashtag #NãoÉmimimiÉpapoSério foi criada por meio de um concurso aberto para os bolsistas da Proae e já virou sucesso nas redes sociais, com repercussão em outras instituições de ensino. A Comunidade Universitária ajuda a propagar a mensagem ao utilizar roupas amarelas e postar fotos com as hashtags #NãoÉmimimiÉpapoSério e #SetembroAmarelo, sugerindo ações que podem ser adotadas na UFRN para fortalecer o cuidado com as pessoas.

A servidora da Escola de Saúde da UFRN (ESUFRN), Magali Damasceno, aderiu ao convite por acreditar que a divulgação é a melhor forma de quebrar o distanciamento entre quem precisa de ajuda e os que podem prestar assistência. A bibliotecária estendeu a participação ao ambiente de trabalho, onde os colegas compartilham relatos de pessoas conhecidas que enfrentam transtornos mentais. “Às vezes o outro parece estar feliz, mas na verdade esconde o sofrimento por não querer atrapalhar nossa rotina. E nós não percebemos os pedidos de socorro por estarmos muito ocupados, por isso a iniciativa é importante para conscientizarmos os demais e a nós mesmos”.

Os campi do interior da UFRN, também, se engajaram ao Setembro Amarelo. Em Caicó e Currais Novos, acontece a Jornada Seridoense de Valorização à Vida até 15 de setembro, enquanto a Facisa, em Santa Cruz, conta com palestras sobre a temática no decorrer desta semana. No campus central, a programação de palestras teve início em 11 de setembro e foi seguida no dia 13 com a roda de conversa “Vamos romper o silêncio!”, que será repetida no dia 20, às 14h20, na Escola de Enfermagem da UFRN. A oficina “Tema em Debate: suicídio entre os jovens” fecha a campanha no dia 28, às 8h30, no Serviço de Psicologia Aplicada (SEPA) da UFRN.

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