sexta-feira, 13 de abril de 2018

‘Não adianta inflação baixa se não tem emprego’, diz novo titular da Fazenda

Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
“Não adianta ter inflação baixa se não tem emprego”. A constatação é do novo ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, ao resumir a sensação ainda negativa sobre a economia.
Aos 52 anos, o economista assume o ministério após a saída de Henrique Meirelles, que tenta viabilizar sua candidatura na eleição deste ano.
“Eu estou bem, você está bem. Nosso poder de compra aumentou, porque estamos empregados e, no final do mês, o dinheiro está aqui. Agora, e os outros 12 milhões de pessoas que estão sem emprego? Esse é o lado triste do que foi feito, porque jogou 13 milhões de pessoas no desemprego no pico [da crise]. Como tem sensação de bem-estar?”, disse Guardia, em entrevista à Folha.
Ele contou que a recessão afetou também a sua família: “Em certo momento, todos os meus cunhados e irmãs estavam desempregados. Isso afeta a vida das pessoas”.
O novo ministro responsabiliza a gestão Dilma Rousseff pela crise aguda em que o país mergulhou e, apesar de o desemprego ainda permanecer elevado, ao redor de 12%, diz que o país está no caminho de saída da recessão.
“A saída de uma crise dessa gravidade não é da noite para o dia. Infelizmente, ainda tem gente sem emprego. Agora não vamos perder a perspectiva da causa [da crise]. O que levou essas pessoas ao desemprego? Não é essa política. A política que estamos fazendo está levando o país ao crescimento. Se não continuar a crescer não vai tirar essas pessoas do desemprego.”.
Guardia afirma que a inflação mais baixa aumenta a renda das pessoas no andar de baixo e, sem isso, o quadro seria ainda pior.
“O ponto central é: como sai [da crise]? Eu sei como não sai. Não será com mais gasto público e desequilíbrio fiscal. Essa é a receita certa do fracasso, que nós já tentamos no passado. A matriz macroeconômica [política econômica de Dilma], que aumenta gastos e reduz impostos, é o que nos trouxe a esse grave problema social. Foram erros atrás de erros que nos levaram a essa situação grave”.
Olhando à frente, o ministro prevê volatilidade nos mercados a depender do descompromisso dos candidatos com o ajuste nas contas do governo, cujo principal desafio segue sendo a reforma da Previdência.
“Não vejo saída para o crescimento sustentado sem a continuidade das reformas”, afirmou.
Nos quase dois anos desde que chegou ao governo, a equipe econômica coleciona feitos, como a aprovação do teto de gastos e a reforma trabalhista.
Mas importantes projetos ou ficaram pelo caminho ou avançam a ritmo muito lento. São exemplos a reforma da Previdência, a tributação dos fundos de investimento exclusivos fechados e a reoneração da folha de pagamentos.

Nenhum comentário:

Postagem em destaque

MÉDICO, AMIGO E LEITOR