sábado, 19 de dezembro de 2015

Sementes da memória...





Sementes da memória.
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Provavelmente, esta não é a mais bela foto de uma flor. Mas ela tem um valor sentimental sem medida para mim. 
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Num flash, ela me leva à infância. Lembra-me da casa dos meus avós. 
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Era uma casa simples, bem no início de um grande terreno. Ela tinha um anexo, um espaço verde. Flores, pés de frutas, uma pequena horta. 
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Era um jardim cercado por varetas, sem arame. Tinha uma única entrada e era controlada por minha avó com mão-de-ferro. Entrar ali, só com autorização. 
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A casa tinha duas janelas que davam para o jardim e por onde entrava o ar para toda a pequena casa. 
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Sempre que eu ia à casa, fazia uma parada na primeira janela do corredor entre a sala-de-estar e a cozinha. Aquela parte da casa era passagem mas tinha um "quê" de área social. Ali sentava, puxava uma das cadeiras de uma mesa que ficava no mesmo ambiente, mas que era usada apenas em momentos especiais, e jogava conversa fora com quem estivesse presente. 
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A tarde, após o almoço, minha avó costumava sentar em uma cadeira de balanço ao lado da janela para dormir. Ela escutava radionovela. Durante o dia, também alcançava meu avô sentado na mesma cadeira ouvindo o jornal pelo rádio...E o jardim estava ali, sempre presente. Chegando lá pela manhã ou a tardinha, era certeza ver a minha avó "aguar" (regar) cada cantinho daquele espaço. 
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Meus avós já não estão aqui na terra. Algumas das muitas flores foram em suas partidas. A casa e o jardim existe apenas na memória. Sobre o terreno da casa foi construído um galpão. Mas até hoje nada foi construído sobre o terreno aonde ficava o jardim. A rua ganhou novas casas mas já não guarda o mesmo visual. Sem o jardim ficou até mais feia, por sinal. Quem sabe, esperando alguém para plantar uma semente.

MICARLOS MEDEIROS

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