A oligarquia familiar riachuelense...Será que ainda existe?
Será que o conceito de oligarquia ainda se aplica aos dias atuais? É o que vamos analisar a partir de uma realidade objetiva, o município de Riachuelo-RN, considerando seu legado político e administrativo dos últimos 50 anos. Será que existiram e/ou ainda existem oligarquias em Riachuelo-RN? Como a região é permeada pelo mundo rural, será que as oligarquias rurais deram a base para que novas oligarquias se instalassem no poder, reproduzindo novas relações? Feita essa exposição histórica acerca dos grupos oligárquicos que já estiveram no poder local, ou estadual, bem como, alguns ainda permanecem claramente no controle da vida pública local, gerenciando milhões de reais em recursos dos tesouros: nacional, estadual e municipal, justifica o quanto esse jogo político superficialmente democrático, aparentemente festivo e de uma disputa do jogo democrático, em que poucos são os escolhidos para participar da festa, impede que outras forças políticas se aproximem da gestão pública local. O que de fato esta em jogo, não é o controle administrativo de uma prefeitura, existem muitos mais e maiores interesses em jogo.
Grupos empresariais financiam as campanhas milionárias para um prefeito e vice-prefeito, milhares de reais são gastos para uma simples candidatura de vereador, em que, sempre estão colocados entre os 10 ou 15 primeiros lugares, alguns sobrenomes familiares ou algum candidato completamente comprometido com essa ou aquela oligarquia, com esse ou aquele grupo político estritamente oligárquico. Raros são os candidatos de dentro da população pobre, raros são os eleitos que pertencem a uma classe de trabalhadores.
Cria-se uma falsa ideia de que se trata de uma política apaixonada, como se fosse uma cultura de cordões azuis e encarnados, disputando a simpatia do público em uma festa religiosa de “Lapinha”. Ou algo como o bumba meu boi da Ilha de Parintins (Amazonas), em que um é garantido (vermelhão) e outro e caprichoso (Azulão), disputando as melhores fantasias, alegorias e passes de danças.Se quiserem outras alegorias, vamos para torcidas de futebol, em que os times, Flamengo X Vasco, se enfrentarão em uma partida clássica no Maracanã. Então, se estabelece uma ideia de “rivalidade sadia” entre os torcedores, abre-se uma bolsa de apostas populares, em dinheiro, objetos de valor e até mesmo animais de estimação são colocados nas apostas, em que são apresentados placares em número de votos que cada candidato poderá obter.
Talvez em uma analogia mais infantil, podemos pensar em um “cabo de guerra”, em que os dois grupos esticam a corda ao máximo de suas forças para ver quem consegue desestabilizar o outro, dentro de uma arena delimitada por um risco e, perde o grupo que se desequilibrará. Nessas horas, vale xingamentos, provocações, empurrões e todos os tipos de manobras e astúcias que cada grupo tiver em mãos para usar contra o seu oponente.
Terminadas todas estas "brincadeiras", com as coisas sérias da vida pública com essas disputas, o grupo vencedor passa de 4 a 8 anos fazendo quase nada que beneficie o público, arruma todo tipo de vantagem para os seus familiares e aliados próximos.
O Grupo perdedor se resigna a esperar, pois sabe que também chegará a sua vez. Sempre que pode, usa seus aliados inconformados ao denuncismo, às críticas e muitas vezes aos ataques pessoais, se possível através de algum meio de comunicação, que pertence aos mesmos grupos que disputaram aquela brincadeira de ganhar ou perder a eleição.
O Grupo perdedor se resigna a esperar, pois sabe que também chegará a sua vez. Sempre que pode, usa seus aliados inconformados ao denuncismo, às críticas e muitas vezes aos ataques pessoais, se possível através de algum meio de comunicação, que pertence aos mesmos grupos que disputaram aquela brincadeira de ganhar ou perder a eleição.
Nos quatros cantos da cidade, iremos ver lamentações e defesas. Um grupo ataca o eleito e lamenta a falta de obras, a falta de cuidados com a cidade e os cidadãos. Do outro lado, aqueles que receberam um carguinho qualquer ou tem algum familiar “mamando” e sem concurso em alguma repartição, defende com “unhas e dentes” aquele gestor de plantão.
Sempre aparecem aqueles que aparentam neutralidade para defender a tese de que isso nunca mudará, de que o povo é o culpado por esse jogo político, etc. e tal. Que as pessoas se vendem por um saco de cimento, ou por um milheiro de tijolos e que os vereadores são todos uns "paus mandados". As críticas e comentários não passam dessa falácia lamentável.
A questão central agora é entendermos que, o povo não é e nunca foi culpado pelo que acontece na política local. Na verdade, existe uma longa história de compra de votos, de voto de cabresto e de votos assistencialistas, instituída pelas oligarquias brasileiras há séculos. Um esquema de falsos favores, de falsas promessas e apadrinhamentos temporários que impedem as pessoas de um amadurecimento mental sobre as questões políticas as quais estão atrelados.Se o poderio econômico das oligarquias funciona há séculos, se existe um verdadeiro aprisionamento das pessoas, pois cargos de baixo escalão, em troca de misero salário e da fidelidade política aquele oligarca no poder, como se libertar desse jogo sujo e de azar, pois ao final o povo sempre sai perdendo?
Abro um parêntese para a ideologia de que perder nesse jogo é algo inaceitável para os eleitores menos esclarecidos. Como me disse um dia desses o poeta e músico Arthur Silva, as pessoas estão tão presas a esse esquema perverso que não querem votar naquele candidato que acham que vai perder e, na maioria das vezes, perdem por votar naquele candidato que distribuiu mais dinheiro, mais tijolos, mais feiras, mais remédios, mais “promessas”, mais “santinhos”. Então, o perder nesse caso é matematicamente simples. Tudo aquilo que o político corrupto deu em troca do seu voto, ele vai tirar triplicado, pois terá que dividir com esse ou aquele empresário corrupto, que financiou a campanha do político vitorioso.
O preço para esse tipo de politicagem é bastante elevado, pois em todas as eleições são três ou quatro meses de festa e quatro anos de lamentação, de falta de investimentos na coisa pública, de denuncias e escândalos, por desvio de dinheiro, por contratações e licitações irregulares, com obras superfaturadas, com serviços públicos de péssima qualidade, entre milhares de outras mazelas que a cena política local representa para a grande maioria dos eleitores, que não é total, pois uma minoria se deleita com os recursos e espaços de poder republicanos conquistados pela lógica da corrupção.
O desafio é superarmos essas contradições, dando um salto mental em nossos atos cotidianos. Vamos começar a pensar que os 09 vereadores do município de Riachuelo-RN precisam assumir o compromisso com o povo que votou nele. Com a população, pois foram eleitos para fiscalizar o executivo, para cobrar do executivo, para apresentar projetos e exigir que o prefeito execute as obras previstas. Os vereadores foram eleitos para legislar em causa do povo, nunca em causa própria. Então meus camaradas, nesse quesito, precisamos fazer uma limpeza geral nessa Câmara de vereadores, pois do contrário não adianta trocar de prefeito, esse jogo de azar de tirar um vermelhão e botar um azulão ou vice versa, de nada adianta com uns vereadores comprometidos apenas com os seus interesses e os interesses do prefeito que se elegeu, como faz a sua família há décadas. Para vereador é preciso votar em pessoas ou partidos que não estejam nesse esquema viciado, então, não vendam os seus votos para vereador por dinheiro nenhum, pois vereador que sai comprando voto é bandido da pior espécie. Quando chegar à Câmara, vai armar uma quadrilha, com outros para extorquir o prefeito, em troca da aprovação de projetos, logo, fica preso aos interesses daquele oligarca da prefeitura.
Se o cara vier comprar seu voto, e se você for corajoso, grave, filme e entregue uma cópia para a justiça eleitoral. Se não tiver essa coragem toda, “você já sabe o que fazer”, para que ele não possa comprar o voto de outro eleitor. Têm candidato a vereador que nessa época se traveste de Santo, de religioso, mas depois de eleito, só atende as demandas exclusivamente familiares, assessorias e cargos dos melhores é pra família, às vezes deixa de fora até os seus mais fieis cabos eleitorais.
Atentos, pois alguns são empresários travestidos de democratas e populares, compra seu voto e depois que você precisa de uma ação em defesa da sua comunidade, da sua classe, ele lhe diz logo, - “O que eu podia lhe dá já dei na época da eleição”. Nesse caso, escolha vereadores de sua classe social e de partidos que sejam independentes, que não entrem em coligações alimentadas com o desvio de dinheiro público.
Quanto aos candidatos para prefeito, veja a história dos candidatos, conte quantas vezes ele já foi prefeito, quantas vezes a mulher dele já foi prefeita, o filho ou a filha dele já foi prefeita, ou vereador/a. Às vezes aparece um genro ou uma nora dele se passando por novidade, até mesmo um fiel assessor de longas datas, pois existe um limite de dois mandatos por família, exatamente para evitar vícios e esquemas de corrupção.
Oligarquia: Significa, literalmente, governo de poucos. No entanto, como aristocracia significa, também, governo de poucos - porém, os melhores -, tem-se, por oligarquia, o governo de poucos em benefício próprio, com amparo na riqueza pecuniária. As oligarquias são grupos sociais formados por aqueles que detêm o domínio da cultura, da política e da economia de um país, e que exercem esse domínio no atendimento de seus próprios interesses e em detrimento das necessidades das massas populares.
Texto e Edição: Prof. Nivaldo Lopes
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