PSDB derrete em tempo real, junto com a política

Foi em cana o grão-tucano Marconi Perillo, ex-governador de Goiás. Há três dias, era candidato ao Senado e coordenava a campanha presidencial de Geraldo Alckmin. Numa disputa em que estavam em jogo duas poltronas de senador, terminou na quinta colocação. E testemunhou o pífio quarto lugar obtido pelo correligionário que concorria ao Planalto. Perillo e Alckmin têm algo em comum além do fiasco eleitoral. Ambos foram alvejados pela delação da Odebrecht. Tornaram-se personagens de um enredo que expõe a decrepitude do PSDB.
A prisão de Perillo deveria ter ocorrido na semana passada. Mas a lei eleitoral impediu. Teve mais sorte que o tucano Beto Richa, que foi passado na tranca no Paraná antes da eleição. Richa foi solto pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo. Mas o estrago estava feito. Amealhou o sexto lugar na disputa pelo Senado, ficando em situação ainda mais constrangedora que a de Perillo.
Por uma trapaça do destino, Perillo prestava depoimento na Polícia Federal no instante da decretação do seu encarceramento preventivo. Foi detido ali mesmo. A sorte deixou de ser full time para os tucanos. O ex-partido da ética vira suco junto com a liquefação do sistema político brasileiro.
A liderança de Aécio Neves, gigante da disputa presidencial de 2014, cabe numa caixa de fósforos. Sem votos para se manter no Senado, elegeu-se deputado a duras penas. Na presidência do partido, Alckmin lava roupa suja com o pupilo João Doria. “Não sou traidor”, diz a portas fechadas, insinuando que o interlocutor é um silvério. Antes do final da reunião, o áudio do arranca-rabo chega às redes.
Modernizou-se o tucanato. Deixou o velho PMDB numa época em que a má-fama de Orestes Quércia grudava como chiclete. Desde então, apresentava-se como reformador do sistema político, que derrete. Hoje, expõe seu próprio derretimento em tempo real, direto na internet.
JOSIAS DE SOUZA
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