Compra de lancha de R$ 6 milhões ajudou a polícia a prender traficante André do Rap, suspeito de enviar droga à Europa

Segundo o delegado Fábio Pinheiro, da Divisão Antissequestro do
Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), responsável
pela operação, o traficante vendeu uma lancha mais velha há mais ou
menos 30 dias por R$ 3,5 milhões e comprou a nova por R$ 6 milhões.
“Ele diz que não é dele [a lancha], que está até em nome de um
empresário. A gente pesquisou. Essa pessoa só tem uma moto CG. Então,
como um cara que tem uma moto CG tem uma lancha de R$ 6 milhões? Ele não
tem capacidade fiscal para ter essa . A gente acredita que ele usava
esses laranjas para lavar o dinheiro dele”, afirmou.
“Para falar a verdade, chegamos a ele por causa da lancha. A gente
ficou sabendo que quem comprou a lancha é uma pessoa que não tem
capacidade fiscal. Ficamos monitorando a lancha e chegamos até ele”,
completou.
O diretor do Departamento de Operações Policiais (Dope), Oswaldo Nico
Gonçalves, concorda que a compra da lancha foi decisiva para encontrar o
traficante. “Ele estava brincando, achando que nunca ia ser preso”,
disse.
Com a informação de que a lancha estava ancorada na área da mansão,
mas ainda sem confirmação visual de que André estaria lá, uma equipe com
23 policiais do Garra, do Dope e da Divisão Antisequestro foi para
Angra dos Reis.
Os suspeitos estavam dormindo quando a polícia chegou à mansão, por
volta das 6h30. Outras duas pessoas, com mandados de prisão em aberto
por envolvimento com o tráfico, foram presas com André. O traficante
chegou ao Campo de Marte, na Zona Norte de São Paulo, por volta das 14h
deste domingo.
A casa em que estavam era alugada, mas ele tinha uma mansão na cidade, fora de um condomínio.
“Não tinha armamento. Ele se dizia empresário para todo mundo. Tinha
assim, vários empregados, tinham três marinheiros, tinha muita bebida,
muita comida, uma fartura total, estava com várias mulheres lá. mas não
havia festa nenhuma. Chegamos lá e eles tinham acabado de acordar”,
disse Fábio.
Além da lancha de 60 pés avaliada em R$ 6 milhões, dois helicópteros
foram aprendidos, um deles avaliado em R$ 7 milhões. Segundo o delegado,
André veio de Angra dos Reis para São Paulo em um helicóptero que ele
diz não ser dele.
Apontado pela polícia como um dos líderes do PCC, facção que age
dentro e fora dos presídios, André de Oliveira Macedo, conhecido como
André do Rap, substituiu Wagner Ferreira, o “Cabelo Duro” assassinado na
porta de um hotel no bairro do Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo,
logo depois das mortes de Gegê do Mangue e do Paca, no Ceará.
Segundo o delegado, ele era o número 1 do PCC no tráfico
internacional. “O impacto da prisão dele é grande porque é um dos
cabeças do envio de drogas para a Europa”.
“Segundo as informações das agências internacionais ele é um dos
criminosos que encabeçam o envio de drogas para a Europa, de cocaína.
Essa cocaína vai via Porto de Santos para um porto na Calábria, na
Itália, chamado Joia Tauro. E de lá ela é distribuída para a Europa
inteira”, disse.
De acordo com o delegado, dois chefes da Nhandreta, que é a máfia da
Calábria, foram presos há cerca de 40 dias na Baixada Santista pela
Polícia Federal e a suspeita é a de que tenham relação com André.
Para Nico, a prisão de André do Rap atinge o setor financeiro da
facção. “É quebrar as duas pernas, digamos assim. É um impacto
financeiro muito grande, ele é o chefe do tráfico internacional. Nós
conseguimos quebrar as pernas. Quebrar as pernas financeiramente”,
afirmou.
André já ficou sete anos e meio preso e tem uma pena de 14 anos por
tráfico internacional em aberto. Ele deve ficar em um presídio de
trânsito até cumprir a prisão preventiva. Depois, assim que a Justiça
Federal designar, ele deve ir para um presídio federal ou para um
presídio do estado de São Paulo.
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